Abel Ferreira: A Verdade Por Trás das Escolhas e o Desabafo Sobre a Arbitragem no Palmeiras

A performance do Palmeiras na 36ª rodada do Campeonato Brasileiro, culminando em uma derrota por 3 a 1 para o Grêmio na Arena, não apenas frustrou as aspirações do clube como também reacendeu as críticas de Abel Ferreira à arbitragem nacional. A equipe alviverde sucumbiu de virada em Porto Alegre, em um resultado que levantou novas discussões sobre o desempenho em campo e as decisões que o cercam.

O placar inicial favoreceu o Palmeiras com um gol de Facundo Torres. Contudo, o Grêmio conseguiu a igualdade ainda na primeira etapa, e no segundo tempo, Carlos Henrique e Willian converteram penalidades máximas, selando a vitória tricolor em um confronto crucial pela competição.

A decisão de Abel Ferreira de poupar atletas cruciais para o confronto contra o Grêmio, visando a iminente final da CONMEBOL Libertadores, gerou debates. Apesar de uma vitória potencial reduzir a distância para o líder Flamengo a apenas dois pontos no Brasileirão, o técnico português manteve-se firme em sua escolha, sem demonstrar arrependimento, priorizando o objetivo continental.

A Estratégia de Abel: Poupar para a Glória Continental

Questionado sobre a estratégia, Abel foi categórico:

"São decisões minhas (poupar os jogadores). É para isso que estou aqui, para tomar decisões. E todas as decisões que tomo é naquilo que é pensando no melhor para o Palmeiras"

, reforçando a primazia dos interesses do clube em suas escolhas e a convicção de que o caminho traçado é o mais adequado.

No entanto, a análise do técnico sobre o cenário atual vai além das escolhas táticas. Abel Ferreira sugeriu que o Palmeiras tem sido alvo de decisões arbitrais desfavoráveis, um padrão que, segundo ele, intensificou-se após as controvérsias do clássico contra o São Paulo, que culminaram no afastamento do árbitro Ramon Abatti Abel.

Naquele memorável confronto no Morumbis, o São Paulo, então com vantagem de dois gols, teve um pênalti não assinalado. O Palmeiras , por sua vez, conseguiu uma virada expressiva, um resultado que, para Abel, marcou um ponto de inflexão na forma como o clube passou a ser tratado pela arbitragem.

O treinador expressou sua percepção sobre uma mudança de tratamento:

"Depois do jogo contra o São Paulo, começamos, dentro do clube, a perceber o que estava acontecendo. Mas entendi, como aquilo que já tinha dito no último jogo, que as pessoas agora querem criar a narrativa de que o Palmeiras desistiu. Não foi o Palmeiras que desistiu. O Palmeiras não desistiu no pênalti no Maracanã, no pênalti contra o Santos, no pênalti contra o Vitória, em casa. O Palmeiras não desistiu"

, pontuou Abel, refutando a ideia de uma suposta "desistência" do time na luta pelo título e apontando exemplos de supostos erros cruciais.

Arbitragem Brasileira Sob o Olhar Crítico do Treinador

Ele aprofundou sua argumentação, levantando questionamentos sobre a possível influência das punições nos demais profissionais:

"O árbitro (do clássico contra o São Paulo) ficou pendurado não sei quanto meses. Será que os outros árbitros não ficaram com medO de apitar, por exemplo, o pênalti no Maracanã? Se compararmos o pênalti do Maracanã com o do Arrascaeta no primeiro turno contra o Palmeiras, será que tem muita diferença? Será que tem diferença naquela bola que bateu no braço do jogador do Vitória e não ao VAR ele foi? Será que os árbitros não ficaram com medo que a CBF os castigasse e que depois o STJD os punisse com mais não sei quantos dias? Coisa que nunca tinha visto em cinco anos aqui no Brasil"

, completou o técnico, evidenciando uma preocupação com a imparcialidade das decisões e a pressão sobre os árbitros.

A esperança de Abel é que o cenário se altere para a iminente final da CONMEBOL Libertadores, agendada para sábado (29) em Lima, no Peru, onde o Palmeiras enfrentará o Flamengo. A expectativa é por um ambiente de jogo com menos interferências e decisões mais claras.

A Distinção Crucial: Brasileirão vs. Libertadores

Ele fez uma distinção clara entre os contextos das competições:

"Uma coisa é o futebol brasileiro, o Brasileirão e tudo que se passa nessa competição. Outra coisa é a Libertadores. São campeonatos completamente diferentes, com gestões completamente diferentes. Conmebol que organiza e decide tudo. Coincide de ter dois clubes brasileiros na final. Mas uma coisa é o futebol brasileiro, a CBF e o STJD. E outra é a Conmebol. São competições completamente diferentes"

, assegurou, indicando que a gestão e o tratamento arbitral na competição continental são distintos dos observados no cenário nacional, o que pode trazer um alívio para as tensões recentes.