Allianz Parque: Entenda o Motivo da Troca Antecipada do Gramado e a Insatisfação de Abel

A voz do técnico Abel Ferreira ressoou com franqueza incomum após o triunfo do Palmeiras sobre o Grêmio no Allianz Parque. Em um pronunciamento direto no último sábado, o comandante português não hesitou em expor sua desaprovação:

Eu sou muito sincero. Está ruim o gramado. Com a quantidade de espetáculos que tem, como que vai trocar? Só se for no final do ano. É o que é.

A insatisfação de Abel não se limitou a um mero desabafo. O treinador apontou falhas no comportamento da bola e erros de passe da equipe, direcionando o foco para um tema que vem sendo intensamente debatido nos corredores do estádio: a iminente substituição do gramado sintético. A questão que se impõe é: quais são os verdadeiros problemas, por que essa troca ocorre tão antes do prazo de validade previsto e quais as repercussões para o Alviverde?

É fundamental destacar que Palmeiras e WTorre já se mobilizam para a instalação de uma nova superfície sintética, com as obras programadas para iniciar em dezembro. Atualmente, as partes debatem a tecnologia mais adequada a ser empregada. A relação entre o clube e a administradora do estádio tem sido harmoniosa desde o acordo financeiro expressivo firmado no ano anterior, que pôs fim a um longo período de desavenças. Nesse contexto, a veemência das declarações de Abel Ferreira causou certa surpresa entre os envolvidos. A substituição do atual fornecedor do gramado é uma das alternativas consideradas. O Allianz Parque utiliza a Soccer Grass, enquanto o Palmeiras , após enfrentar problemas com o termoplástico no início do ano passado, optou pela Total Grass tanto na Academia de Futebol quanto na Arena Barueri.

O Desgaste Inesperado do Campo: O Que Aflige o Palmeiras

Mas, afinal, qual é a natureza do problema atual? Embora o gramado do Allianz Parque, implementado em 2020, ainda possua uma validade de mais cinco anos conforme o fabricante holandês e esteja em conformidade com os padrões da FIFA, há um consenso de que ele perdeu parte de sua "memória". Este termo técnico refere-se à capacidade da grama sintética de retornar à sua posição vertical original após ser submetida a peso, um processo crucial para a qualidade do campo.

É precisamente nesse aspecto que se concentram as queixas de Abel Ferreira. A degradação da "memória" do gramado impacta diretamente a percepção de qualidade e o comportamento da superfície, influenciando o rolamento da bola, a absorção de impacto e até mesmo a aparência estética, que tem sido alvo de críticas da torcida nos últimos meses. Fontes próximas ao ge indicam que os atletas do Palmeiras percebem uma aceleração no ritmo do jogo dentro do estádio, somada a uma dificuldade acentuada no controle da bola devido ao seu quique imprevisível, o que compromete a fluidez da troca de passes mencionada pelo técnico. O próprio Abel detalhou:

Acho que ficou bem evidente erros de passe, é difícil dominar a bola, parece que está sempre a quicar no chão.

Uma observação mais atenta do campo revela uma grama visivelmente mais achatada em diversas áreas, sugerindo uma superfície aplainada que favorece a velocidade do jogo, mas que, paradoxalmente, torna-se mais rígida ao impacto, resultando em um quique da bola mais acentuado. Este cenário difere do problema anterior relacionado ao "Infil", o material de preenchimento da grama, que gerou transtornos no ano anterior.

A Realidade do Campo: Jogadores e a Dificuldade

Questionado sobre o impacto da condição atual do gramado no desempenho do Palmeiras , o capitão Gustavo Gómez foi sucinto em sua resposta, demonstrando uma resignação pragmática:

É difícil, mas é o que tem. Nós aceitamos isso, é a nossa casa.

Apesar das críticas, a WTorre refuta qualquer insinuação de desavença ou que as declarações do treinador pudessem suscitar. A administradora assegura que existe um acompanhamento minucioso de cada partida, com relatórios de avaliação detalhados, e um diálogo contínuo, transparente e técnico entre as partes. A empresa compreende que a decisão final sobre a alteração do gramado pertence ao Palmeiras , como usuário principal do campo, o que justifica o alinhamento total com o clube e o avanço das negociações para a execução da obra. Evidentemente, a reforma implicará em custos, cujos valores específicos ainda não foram divulgados.

Os Próximos Passos: Cronograma e Detalhes da Reforma

A estimativa é de que a reforma exija aproximadamente 45 dias úteis para ser concluída, com a possibilidade de um prazo ainda menor. Contudo, a data exata de início das obras permanece indefinida, o que impede a determinação de quais partidas o Palmeiras poderá ser obrigado a disputar fora de seu estádio. A última partida do ano em casa está prevista para a semana de 17 de dezembro, enquanto o último evento musical confirmado para 2025 é em 6 de dezembro. No calendário de 2026, a agenda de shows só retoma em fevereiro. O Palmeiras , por sua vez, aguarda a divulgação do calendário da CBF e nutre a esperança de uma redução de datas no Campeonato Paulista, o que certamente facilitaria o processo. O recém-empossado presidente da Federação Paulista de Futebol, Samir Xaud, assumiu o compromisso de debater essa questão.

Durante o processo de reforma, três das cinco camadas que compõem o campo sintético serão substituídas, garantindo a instalação de componentes modernos e otimizados.

A busca por um gramado de excelência é uma prioridade para o Palmeiras , impactando diretamente o estilo de jogo e o desempenho da equipe. A troca antecipada do campo do Allianz Parque, embora desafiadora em termos de logística, representa um passo fundamental para restabelecer as condições ideais de jogo para o Alviverde.