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Bastidores do Poder: Flamengo x Palmeiras - A Batalha Política

Por Redação FutVerdão em 16/10/2025 08:32

As trajetórias recentes de Flamengo e Palmeiras, marcadas por uma reconstrução que resultou em faturamentos bilionários e domínio nas principais competições nacionais e continentais, guardam semelhanças superficiais. Contudo, nos bastidores, a ascensão de ambos os clubes foi pavimentada por estratégias políticas distintas, moldadas pelas particularidades de cada instituição.

Para qualquer figura que almeje o controle político do Flamengo, ou servir como representante de um grupo específico, é imperativo alinhar-se ao discurso e à metodologia que impulsionaram o clube a partir das eleições de 2012. Essa guinada representou uma reorganização financeira profunda, com a inserção de profissionais de mercado em áreas estratégicas e a canalização da imensa força de sua torcida para gerar receitas recordes.

Esse processo transformador só se concretizou devido a um alinhamento político entre forças tradicionais e emergentes, que superaram uma era de gestões precárias e episódios pitorescos, como a célebre declaração do ex-presidente Márcio Braga, em 2009: "Acabou o dinheiro".

A Complexidade da Arena Política Rubro-Negra

Apesar da profissionalização, o ambiente político na Gávea permanece efervescente. O sucesso eleitoral, contudo, tem sido preponderantemente alcançado por indivíduos que integraram ou ainda fazem parte da chamada "chapa azul" original, de 2012. Mesmo dentro desse espectro, houve alternâncias significativas de poder.

O clube tem pilares importantes, como o financeiro e o futebol. No Flamengo temos hoje a clara percepção de que o clube não pode mais retroceder. Da mesma forma que não queremos que nosso clube se transforme em SAF e perca a sua identidade, temos certeza que o modelo híbrido precisa ser cada vez mais profissional. A importância maior dos sócios e conselheiros é fiscalizar o trabalho dos profissionais e estar atento, mas sem invadir o espaço, disse Rodrigo Dunshee de Abranches, vice de Landim e um dos que perderam a eleição para Bap.

Eduardo Bandeira de Mello cumpriu dois mandatos, mas não conseguiu eleger seu sucessor. O mesmo ocorreu com Rodolfo Landim, que, após dois mandatos, também viu seu indicado ser preterido. Atualmente, o poder recai sobre Luiz Eduardo Baptista, o Bap, que, de aliado dos dois antecessores, tornou-se oposição. É como se o Flamengo mudasse de uniforme, mas mantivesse a mesma identidade de marca.

Os grupos políticos secundários ajustam suas posições de acordo com seus próprios interesses e as demandas da torcida e dos conselheiros em cada momento. Se a gestão Bandeira de Mello foi fundamental para a organização interna, mas com poucos títulos expressivos, Landim ascendeu com a promessa de conquistas. Posteriormente, Landim utilizou a questão do estádio como bandeira de campanha e negociou os contratos com Libra e Globo, enquanto Bap, agora, recalibra a estratégia para fortalecer a posição comercial do clube.

A diferença é que antes o Flamengo era gerido por paixão e como clube. Hoje, o Flamengo é clube gerido como empresa. O ambiente político serve de controle para o dia a dia do clube. É o crivo, é o olhar do dono, que são os sócios e a torcida do Flamengo, em cima da gestão do Flamengo, explicou Maurício Gomes de Mattos, vice de Bandeira e um dos candidatos derrotados por Bap.

Figuras Históricas e a Influência na Gávea

As eleições do Flamengo ainda contam com a participação ativa de ex-presidentes de um período anterior à reestruturação pós-2013. Nomes como Kléber Leite, Patrícia Amorim, Márcio Braga, Hélio Ferraz, Luís Augusto Veloso e até George Helal, embora com menor relevância para a torcida em geral, ainda exercem influência significativa no universo dos sócios.

O apoio de Zico é outro fator de peso. Na última disputa, o ídolo declarou preferência por Bap, que emergiu vitorioso. Outras lendas da geração de 1981 também são frequentemente cortejadas por candidatos e suas respectivas chapas. Toda essa intrincada teia converge na sede da Gávea, onde uma intensa movimentação eleitoral ocorre, inclusive com a participação dos grupos ligados aos esportes olímpicos do clube.

O Domínio Centralizado na Política Palmeirense

No Palmeiras , o cenário político atual é largamente controlado por Leila Pereira e seus aliados. É praticamente impensável que alguém consiga ser eleito sem o respaldo da atual presidente. A principal questão, no momento, reside na ausência de um consenso sobre o nome que ela indicará para a sucessão em 2028.

Com um mandato que se estende até 2027, Leila Pereira avalia duas possibilidades: Paulo Buosi e Everaldo Coelho, ambos seus vices. No entanto, ainda não há plena convicção de que eles possuam a capacidade necessária para assumir a liderança do clube. Não por acaso, a presidente chegou a considerar uma alteração no estatuto para permitir um terceiro mandato, ideia que, por enquanto, foi descartada.

Uma eventual fissura na atual situação seria a única via plausível para que a oposição conseguisse se inserir efetivamente no jogo político do clube.

A Volatilidade Histórica e a Nova Ordem no Palestra Itália

A paz momentânea, contudo, é um fenômeno raro na história política palmeirense. A turbulência teve seu início em 2012, quando Paulo Nobre foi eleito em sua segunda tentativa, e houve um atrito sutil na transição para Maurício Galiotte. Nobre desejava que seu sucessor rompesse com Leila Pereira, então patrocinadora, o que não ocorreu. Nobre e Galiotte nunca mais se comunicaram.

Galiotte conduziu o clube sem oposição ativa em seu primeiro mandato, sendo eleito sem concorrência. No segundo, enfrentou Genaro Marino, representante de Nobre, mas venceu com ampla margem. Em sua saída, o cenário se repetiu: Leila Pereira foi eleita por aclamação na primeira vez e superou a oposição sem dificuldades para ser reeleita.

A atual tranquilidade decorre da perda de influência dos antigos "cardeais" políticos, um efeito das eleições diretas implementadas no início da década de 2010. Os acordos e conchavos, antes negociados por conselheiros, já não possuem o mesmo peso após a democratização do processo eleitoral.

Houve uma modernização no comportamento dos membros do Conselho, no apaziguamento, o que é muito importante para a estabilidade do clube. As diretas podem ter uma relação, mas talvez não tão imediata. Eu vivo o Palmeiras desde menino, o futebol é uma construção. O clube evoluiu, teve Maurício e Leila, que são muito capazes de conversar com conselheiros, então acho que esse é um episódio de racionalidade e isso é muito bom para o clube. A construção da nossa história mostra que nos transformamos em um clube, disse o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo.

Atualmente, os votantes são os sócios da sede social, ou seja, aqueles que frequentam as instalações como piscina, bocha e outros setores do clube. É por essa razão que Leila Pereira investe pessoalmente em diversos projetos para o clube, como a reforma da piscina, a organização de shows com artistas renomados como Ivete Sangalo e a distribuição de presentes para crianças em datas comemorativas, visando consolidar seu apoio.

Mustafá Contursi, um presidente histórico e tradicionalmente líder do maior grupo de votantes, hoje é apenas mais um membro do Conselho. Ele desempenhou um papel crucial para que Leila Pereira conseguisse uma manobra que alterou seu tempo de associação para torná-la conselheira, mas posteriormente foi preterido pela própria Leila. Apesar de vários ex-presidentes ainda estarem vivos ? Mustafá Contursi, Affonso Della Mônica, Luiz Gonzaga Belluzzo, Paulo Nobre, Arnaldo Tironi e Maurício Galiotte ?, nenhum deles detém o mesmo prestígio e poder que Leila Pereira exerce atualmente.

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Comentado em 16/10/2025 10:44 Leila tá segurando bem a barra, blz demais!
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