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Final da Libertadores Ameaçada: Fadiga de Fla e Palmeiras Preocupa
Por Redação FutVerdão em 22/11/2025 07:12
A cada vez que Palmeiras e Flamengo pisam no gramado, suas performances são meticulosamente dissecadas. É, portanto, esperado que qualquer declínio no rendimento gere um coro de críticas e a busca incessante por falhas táticas ou técnicas nas duas potências do futebol brasileiro.
Contudo, a simultaneidade dessa oscilação não pode ser mera casualidade. Longe de invalidar a discussão sobre eventuais imperfeições estratégicas ou individuais, o que se observa é a manifestação, na reta final de 2025, dos impactos de uma jornada desumana. A gênese do problema reside na quantidade excessiva de confrontos, na escassez de tempo para recuperação entre eles, culminando em atletas fisicamente exauridos após um ano que incluiu uma Copa do Mundo de Clubes sob o escaldante sol norte-americano e recorrentes chamadas para suas seleções nacionais.
Isso, inevitavelmente, suscita uma profunda preocupação. Embora o futebol brasileiro esteja prestes a solidificar sua supremacia continental, com os dois arquirrivais se enfrentando na final da Libertadores em uma semana, a questão é: qual espetáculo será oferecido ao continente e ao mundo? Embora a conquista do inédito tetracampeonato sul-americano seja a prioridade máxima para ambos os clubes, a perspectiva mais ampla exige que um confronto dessa magnitude seja um testemunho da excelência do nosso futebol doméstico, um espelho da robustez de nossa liga e de suas principais agremiações. No entanto, paira a ameaça de que nossas duas maiores forças entreguem uma performance muito aquém de seu potencial real. Atualmente, são elencos divididos entre a disputa acirrada em múltiplas frentes e a gestão de atletas à beira da exaustão, em uma constante batalha contra o risco de lesões musculares.
Ameaça à Qualidade da Final: O Preço da Exaustão
Este cenário de desgaste não é, de forma alguma, inédito. Na temporada passada, o formidável Botafogo, que vinha dominando tanto no cenário nacional quanto continental, registrou apenas duas vitórias e três empates entre as fases de semifinal e final da Libertadores. Dentre esses resultados aquém do esperado, destacam-se empates em seus domínios contra Cuiabá e Vitória, precedidos por outro empate com o Criciúma no Maracanã. O aproveitamento da equipe nessa fase derradeira caiu para 60% dos pontos disputados, uma queda significativa em relação aos mais de 70% mantidos durante a maior parte de sua campanha.
| Equipe/Fase | Aproveitamento Normal | Aproveitamento Recente/Reta Final |
|---|---|---|
| Botafogo (Libertadores 2024) | + de 70% | 60% |
| Flamengo e Palmeiras (Brasileirão 2025 - Últimos 10 jogos) | ~74% | 57% |
Ao longo de grande parte do Campeonato Brasileiro, Flamengo e Palmeiras se revezaram na ponta da tabela, exibindo um aproveitamento próximo de 74% dos pontos. Contudo, nas últimas dez rodadas do certame nacional, a performance de ambos foi idêntica: cinco triunfos, três reveses e dois empates, resultando em um aproveitamento de 57%. Tal simetria, inclusive, reflete a paridade que tem pautado a jornada de ambos ao longo do ano. É intrigante observar como, a despeito disso, cada vitória de um ou de outro reacende o debate sobre a supremacia, enquanto cada resultado que não seja uma vitória desencadeia uma onda de insatisfação e questionamento a atletas e comissões técnicas. Isso revela uma nação aparentemente incapaz de aceitar que os clubes mais abastados do país possam tropeçar. A régua de exigência imposta a cada três dias é inatingível. É como se um breve período de instabilidade pudesse anular todas as sólidas impressões construídas por essas equipes ao longo de dez meses de competição. Uma interpretação que carece de razoabilidade.
Desempenho em Queda: Estatísticas que Preocupam
A semana que antecedeu o último sábado viu 13 atletas de Flamengo e Palmeiras ausentes de seus clubes, cumprindo compromissos com suas seleções. Na quarta-feira, o cenário no Brasil revelou feitos ainda mais extraordinários. O zagueiro palmeirense Gustavo Gomez, por exemplo, foi a campo contra o Vitória após ter permanecido no banco em uma partida que, no fuso horário brasileiro, havia terminado no mesmo dia, mas nos Estados Unidos. Em um lapso de apenas 19 horas, testemunhou-se o apito final do amistoso paraguaio no Texas, a partida de Gomez do estádio, seu voo de retorno ao Brasil e sua subsequente entrada em campo no Allianz Parque. De maneira similar, Facundo Torres, que disputou 20 minutos na derrota do Uruguai, também em solo americano, entrou em campo 20 horas depois para mais 30 minutos de futebol. Isso sem mencionar o caso de Vitor Roque, que havia atuado na França em sua busca pelo sonho de uma Copa do Mundo, e menos de 24 horas depois era acionado para tentar reverter o placar para o Palmeiras .
No clássico Fla-Flu, disputado no Maracanã, os rubro-negros Carrascal e Plata, por exemplo, protagonizaram a proeza de participar de duas partidas, no mesmo dia, em nações distintas. Danilo, que igualmente havia jogado na França, permaneceu em campo por mais de 45 minutos vestindo a camisa do Flamengo. E esses são apenas os casos dos que atuaram, sem contabilizar os inúmeros outros jogadores que ambos os clubes optaram por poupar, visando preservar sua integridade física para o restante da temporada.
A Odisseia dos Atletas: Viagens e Jogos Sem Pausa
A cada rodada, a disputa pelo Campeonato Brasileiro parece pender para um lado, injetando um drama salutar à competição. O lado sombrio, contudo, é que essa imprevisibilidade é, em parte, alimentada pela fase derradeira de uma verdadeira maratona implacável, que exaure as pernas dos atletas. Flamengo e Palmeiras possuem, indiscutivelmente, a capacidade de protagonizar uma final histórica em Lima. No entanto, é inegável o perigo de que o cansaço acumulado resulte em um espetáculo aquém das expectativas.
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