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Mundial de Clubes: Palmeiras Avança, Gigantes Europeus Caem – O Que Isso Significa?
Por Redação FutVerdão em 26/06/2025 14:53
O cenário do Mundial de Clubes nos Grupos A e B surpreendeu a muitos. Dois dos três representantes do Velho Continente já fizeram as malas, retornando para casa antes do esperado. Nem Porto, nem Atlético de Madrid conseguiram avançar à fase de mata-mata. Apenas o Paris Saint-Germain garantiu sua permanência na disputa.
Curiosamente, os clubes brasileiros inseridos nesses mesmos grupos ? Palmeiras e Botafogo ? não só progrediram, como agora se preparam para um embate direto nas oitavas de final. Um confronto que promete a intensidade de um clássico nacional em solo internacional.
Pode-se até estender a narrativa do sucesso sul-americano ao Inter Miami, uma equipe com uma inegável essência do continente. Com um elenco repleto de talentos como Messi, Suárez, Ustari, Redondo, Segovia, Allende, Falcón, e sob a batuta de Javier Mascherano, o time americano reforça a ideia de que a América do Sul pode, de fato, impor-se nesta competição, especialmente após os resultados da fase de grupos.
A Queda Inesperada e as Reflexões Europeias
A despeito de qualquer percepção externa, o discurso e as reações pós-eliminação dos europeus revelam um impacto significativo. Longe de subestimarem a derrota, eles sentiram o peso dos tropeços e a frustração de não seguirem adiante. Uma das maiores conclusões a se extrair é a impossibilidade de minimizar a capacidade de adversários que, tradicionalmente, não se alinham ao roteiro de dominância europeia.
Diego Simeone, o respeitado comandante do Atlético de Madrid, sublinhou o fato de ter conquistado duas vitórias em três partidas e, ainda assim, não ter sido suficiente para a classificação. Embora a única derrota tenha sido para o PSG, a equipe não conseguiu superar a diferença imposta pelo Botafogo no saldo de gols.
"Eu saio com a tristeza de ficar eliminado. O objetivo era seguir e não conseguimos. Fizemos seis pontos. E desta vez, ficamos fora no saldo de gols em um grupo difícil. Fizemos muito esforço para poder chegar em uma liga com Barcelona e Real Madrid e estar quatro anos na Champions fazendo números melhores do que um deles"
Declarou o treinador argentino, em uma alusão ao Barcelona.
O Descompasso Tático e a Falta de Adaptação
A jornada do Porto foi consideravelmente mais atribulada. A equipe não obteve nenhuma vitória, empatando com o Palmeiras , perdendo para o Inter Miami e se despedindo com um empate eletrizante de 4 a 4 contra o Al Ahly. Isso demonstra, sem margem para dúvidas, que um gigante europeu que se apresenta com a guarda baixa está propenso a ser nocauteado.
"Os jogadores deram tudo até ao fim. Mostramos espírito competitivo. Deu para ver como os jogadores acabaram dentro de campo, foi uma pena não termos conseguido a passagem à próxima fase"
Afirmou Martín Anselmi, técnico do Porto. A imprensa portuguesa não poupou críticas. O site do Record, por exemplo, estampou após o fim da fase de grupos: "Porto nem o seu trabalho fez diante do Al Ahly e acaba eliminado do Mundial de Clubes". Já "A Bola" mancheteou: "Oito gols e fim do sonho portista nos EUA". Na Espanha, jornais como Marca e As chegaram a levantar questões sobre a arbitragem, com títulos como "O Atlético já estava saindo: não havia necessidade de expulsá-los" e "Ele não conseguiu e eles não deixaram", respectivamente.
O argumento da fadiga, de fato, permeou as justificativas dos europeus. Pela primeira vez, eles enfrentaram o Mundial no meio do ano, e não em dezembro, período em que, historicamente, os clubes brasileiros já se encontravam no limite físico. Contudo, os desafios não se limitaram a isso. As dificuldades dos times do Velho Continente em se adaptarem a condições adversas ? longe do clima frio e dos gramados impecáveis ? ficaram evidentes. Para um desempenho superior nas próximas edições, o bloco europeu precisará demonstrar maior versatilidade.
No caso do Atlético de Madrid, a equipe alegou ter sentido o calor intenso na partida de estreia contra o PSG. O time de Simeone perdeu o controle nos minutos finais, sofrendo dois gols em rápida sequência, o que se revelou determinante no saldo de gols do grupo, após o empate tríplice. O desfecho da temporada foi amargo, considerando também a eliminação na Liga dos Campeões da Europa nos pênaltis, diante do Real Madrid.
O Porto, por sua vez, exibiu um notável desequilíbrio tático e problemas de coesão. Muitos torcedores brasileiros o classificaram como "o pior Porto de todos os tempos". A equipe finalizou o Campeonato Português na terceira posição, em uma temporada marcada pela instabilidade, atrás de seus rivais Sporting e Benfica. Claramente, não ostenta a mesma eficiência de anos anteriores.
A Resiliência Sul-Americana e o Desafio do Palmeiras
Os clubes brasileiros emergiram da primeira fase com um moral elevado. De modo geral, eles demonstraram capacidade competitiva frente a adversários financeiramente mais poderosos. Isso se deve, em grande parte, ao retorno de muitos jogadores experientes e renomados que agora vestem as camisas de equipes do Brasil. O trabalho dos treinadores também merece destaque, tanto na gestão do elenco quanto na habilidade de adaptação às estratégias dos oponentes.
Se os europeus supuseram uma ausência de organização tática no lado sul-americano, especificamente no brasileiro, eles se enganaram profundamente. Luis Enrique, técnico do PSG, chegou a citar o Botafogo como o time que melhor soube se defender contra o atual campeão da Champions League. O Flamengo, por sua vez, sufocou o Chelsea em uma virada memorável, e o Fluminense, embora não tenha concretizado o gol, colocou o Borussia Dortmund em sérios apuros.
Para Palmeiras e Botafogo, a última rodada trouxe alguns alertas, especialmente para a equipe de Abel Ferreira. No entanto, com o próximo passo sendo um confronto direto entre os dois, o grau de desconhecimento do adversário é praticamente nulo. É o momento de vivenciar um autêntico "Brasileirão" dentro do Mundial.
O Flamengo desfruta da tranquilidade de ter garantido a classificação antecipada em primeiro lugar, aparentando ser o time mais vibrante entre os brasileiros. O Fluminense também tem a classificação ao seu alcance. Os europeus ainda contam com representantes de peso. Bayern, Manchester City, Real Madrid e até a Juventus mantêm o favoritismo, além do "escaldado" PSG, que levou um susto ao perder para o Botafogo. A classificação desse contingente está bem encaminhada.
Benfica, Inter de Milão e Salzburg parecem ser os mais ameaçados em seus respectivos grupos. Os dois primeiros disputam vaga com sul-americanos ? Boca Juniors e River Plate. No caso do time austríaco, o "bote" pode vir do saudita Al-Hilal. As campanhas frustradas de Porto e Atlético de Madrid servem como um importante aviso.
Em suma, os clubes da Europa ainda detêm uma vantagem financeira e, em tese, técnica sobre os sul-americanos. Contudo, um torneio de curta duração e formato mata-mata, como o Mundial de Clubes, introduz um fascinante grau de imprevisibilidade. São favoritos? Sim. Mas estão longe de ter a taça garantida.
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