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Palmeiras: A Análise Tática da Vitória Épica Contra o River Plate
Por Redação FutVerdão em 18/09/2025 05:02
A memorável conquista do Palmeiras diante do River Plate no icônico Más Monumental certamente se inscreve entre os triunfos mais significativos do clube em terras estrangeiras pela Copa Libertadores. Apesar de uma segunda etapa predominantemente defensiva e da pressão culminando em um gol sofrido nos instantes derradeiros, a performance do Verdão no palco mais imponente do continente merece ser enaltecida.
A divulgação da formação inicial do Palmeiras na noite daquela quarta-feira, com a inclusão inédita de Andreas Pereira entre os titulares, gerou questionamentos imediatos acerca de seu posicionamento e do impacto subsequente na estrutura da equipe. A surpresa foi ainda maior pela ausência de Facundo Torres, e não de Lucas Evangelista, que teoricamente concorre diretamente com o recém-chegado.
A Engenharia Defensiva de Abel Ferreira
Para decifrar a tática de Abel Ferreira, é imperativo compreender a filosofia de marcação do Palmeiras , pautada em encaixes e perseguições incessantes. No momento defensivo, cada atleta é designado para um adversário específico, geralmente aquele que opera em sua proximidade. Acompanha-o e o persegue até a conclusão da jogada, mesmo que isso implique desocupar sua posição original no campo. Nesse esquema, um dos defensores assume a função de "sobra", distinguindo-se de seus pares por não ter um alvo fixo. Sua missão é prover coberturas próximas à área e neutralizar avanços inimigos que superem um encaixe inicial. Murilo desempenhou essa crucial atribuição por grande parte do confronto.
Diante da dupla de ataque do River Plate, Abel visou assegurar uma vantagem numérica na retaguarda. Piquerez, nesse contexto, atuou como um zagueiro adicional. Ele e Gustavo Gómez se revezaram na vigilância a Driussi e Salas, demonstrando notável eficácia nos confrontos diretos. Felipe Anderson desdobrou-se como um ala-esquerdo, encarregado da marcação de Montiel, enquanto Khellven executou papel análogo pela direita, seguindo Marcos Acuña.
A inserção de Andreas Pereira torna-se particularmente relevante aqui. Em face da trinca de meio-campo do River Plate, o camisa 8 ocupou o setor ao lado de Lucas Evangelista e Aníbal Moreno. Sua capacidade de executar essa tarefa difere das abordagens de Maurício e Raphael Veiga, outras opções para meias-ofensivos que também atuam centralizados. Andreas Pereira exibe uma consciência defensiva superior na ocupação dos espaços.
Tal consciência era vital para a disputa das "segundas bolas" e para a vigilância de Enzo Pérez, seu principal adversário direto. Andreas Pereira cumpriu a missão com distinção, impondo dificuldades significativas ao experiente volante argentino. Aníbal Moreno e Lucas Evangelista , por sua vez, revezaram-se na marcação de Castaño e Nacho Fernández durante a primeira etapa. À frente, Flaco López e Vitor Roque pressionavam os três zagueiros do River. A existência de uma "sobra" defensiva exige, por uma questão matemática, que se abdique de um jogador na marcação da primeira linha adversária. De modo geral, essa estrutura de marcação do Verdão neutralizou o jogo argentino por aproximadamente 70 minutos do confronto.

A Ousadia Ofensiva e a Letalidade Palestrina
A postura ofensiva do Palmeiras nos primeiros vinte minutos foi marcada por ousadia e agressividade, culminando em cinco ações de destaque. O gol de Gustavo Gómez abriu o placar, seguido por uma cobrança de falta de Andreas Pereira e um chute do camisa 8 da entrada da área, ambos defendidos por Portillo. Lucas Evangelista ainda carimbou a trave esquerda, e Khellven obrigou Armani a uma grande defesa em chute cruzado. Um volume notável, criatividade e imposição foram evidentes. Essa capacidade ofensiva derivou de uma alternância estratégica na progressão pelo campo. O lance que gerou o escanteio do primeiro gol, por exemplo, originou-se de uma rápida troca de passes desde a defesa, concentrada no lado direito. O segundo gol, por sua vez, nasceu da vitória em duelos após uma ligação direta. Embora o Palmeiras frequentemente optasse por passes longos, não se limitou a essa tática na primeira etapa.
Ciente da eficaz pressão do River Plate na saída de bola adversária, o Palmeiras utilizava o lançamento longo como alternativa estratégica na ausência de linhas de passe curtas. Frequentemente, seis jogadores disputavam a posse da bola contra a desorganizada defesa argentina. Vitor Roque foi crucial nesse cenário, demonstrando notável combatividade e imposição física. Flaco López , Andreas Pereira e Felipe Anderson encarregavam-se de controlar as "segundas bolas", desobstruindo a jogada, enquanto Khellven avançava pela direita. Lucas Evangelista , com sua constante presença no terço final, e Piquerez , surgindo como um elemento surpresa pela esquerda, complementavam a ofensiva. A equipe venceu inúmeros duelos e recuperou a posse em diversas ocasiões, exibindo agressividade e velocidade na conclusão das jogadas, com uma dose considerável de precisão. Os dois gols marcados na primeira etapa, portanto, foram resultado direto dessa abordagem calculada.
Pilares de Performance: De Gómez a Andreas Pereira
A excelência demonstrada em ambas as áreas do campo foi um fator determinante. Gustavo Gómez , em particular, protagonizou uma atuação memorável e fundamental. Seus números são impressionantes:
Estatística | Valor |
---|---|
Cortes | 14 |
Chutes bloqueados | 2 |
Interceptações | 5 |
Desarmes | 2 |
Duelos vencidos (terrestres/aéreos) | 75% |
Faltas cometidas | 1 |
A noite de Gómez foi coroada com seu 42º gol pelo Palmeiras , um tento que desestabilizou o River e pavimentou o caminho para a notável vitória. Murilo , Piquerez e Khellven também ofereceram contribuições defensivas cruciais. Vitor Roque , por sua vez, demonstrou precisão cirúrgica na única oportunidade que teve na área adversária. A capacidade de ser letal em ambos os extremos do campo é, sem dúvida, um diferencial vital.
O refinamento técnico de Andreas Pereira foi outro ponto digno de destaque. Aqueles que acompanham a trajetória do novo reforço palmeirense conhecem a falha decisiva na final da Libertadores de 2021, quando atuava pelo Flamengo, um episódio que, embora marcante, não define a totalidade de sua carreira. Na noite daquela quarta-feira, a elevação da qualidade em detalhes ofensivos foi palpável. A precisão nas cobranças de escanteio, a falta batida da entrada da área, os passes que desvencilhavam a bola de áreas congestionadas e a capacidade de impor cadência em meio a um jogo físico e caótico. Esses elementos, sutis, mas profundamente influentes, amplificaram a efetividade do ataque. Em 76 minutos em campo, registrou 39 ações com a bola, com 70% de acerto nos passes, muitos deles em zonas de alta pressão, e forneceu duas assistências para finalizações, uma das quais resultou em gol.
A Força Mental e Tática que Constrói Vitórias
Conquistar um embate de tal magnitude, especialmente com uma primeira etapa tão dominante, seria impossível sem disciplina tática e concentração, atributos indispensáveis no futebol contemporâneo. Estes se manifestaram de diversas maneiras: na capacidade de Flaco López em reter a bola e dar continuidade às investidas ofensivas; na notável disposição e na inabalável confiança de Vitor Roque ; e na precisão quase "religiosa" dos encaixes de marcação executados por Aníbal Moreno e Lucas Evangelista . Felipe Anderson também merece menção especial pela amplitude de campo que cobriu, tanto na marcação de Montiel quanto na sua participação no ataque, seja centralizado ou aberto pela esquerda.
A consistência na aplicação desses princípios delineados pode, de fato, impulsionar o Verdão rumo à sua 12ª semifinal de Libertadores, um feito que consolidaria ainda mais sua rica história no torneio.
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