Palmeiras: Análise da Virada Tática de Abel Ferreira no Dérbi Contra o São Paulo

O palco do Morumbi presenciou uma das viradas mais dramáticas da temporada, com o Palmeiras transformando uma desvantagem de dois gols em uma vitória por 3 a 2 sobre o São Paulo. Este embate pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2025 não foi apenas um teste de resiliência, mas uma demonstração clara de como a intervenção tática e a capacidade individual podem redefinir o destino de um confronto. A partida, que parecia perdida no intervalo, revelou as fragilidades iniciais da equipe alviverde e, subsequentemente, a força de sua reação.

Apesar do triunfo, a análise das atuações individuais no primeiro tempo expõe falhas preocupantes que quase comprometeram o resultado. A linha defensiva, em particular, teve um desempenho aquém do esperado, contribuindo diretamente para a construção da vantagem adversária. O primeiro gol do São Paulo, por exemplo, originou-se de uma saída equivocada do goleiro Weverton, aos 14 minutos do clássico, durante um lançamento de Marcos Antônio para Luciano. Embora Weverton tenha realizado uma intervenção crucial nos acréscimos para selar a vitória, o erro inicial não pode ser ignorado.

Giay, na lateral, exibiu dificuldades notórias, sendo superado na velocidade em diversos lances, especialmente com a defesa alviverde excessivamente exposta. Sua substituição no intervalo, para a entrada de Allan, era um indicativo claro da necessidade de ajuste. Gustavo Gómez, pilar defensivo, também esteve abaixo de seu padrão habitual, "dormindo" no erro de passe de Murilo, o que abriu caminho para o lançamento de Marcos Antônio em direção a Luciano. Além disso, participou de forma desfavorável no segundo gol, com um passe que não conseguiu afastar adequadamente a bola da área de perigo.

A Fragilidade Defensiva e a Necessidade de Ajustes

Murilo , por sua vez, foi o protagonista de um dos momentos mais críticos do primeiro tempo. Após um bom corte de cabeça na área, forçou e errou um passe longo que culminou na origem do primeiro gol do São Paulo. Sua saída no intervalo, para a entrada de Fuchs, reforçou a percepção de que a estrutura defensiva necessitava de uma reformulação imediata. Piquerez, o único a se manter ileso no quinteto defensivo, ainda assim não teve uma atuação inspirada, limitando-se a um chute arriscado nos primeiros minutos, que Rafael conseguiu defender.

No meio-campo, a equipe também encontrou obstáculos significativos. Aníbal Moreno, que parecia distante de suas melhores exibições com apenas um desarme no primeiro tempo e pouca participação, ressurgiu de forma decisiva aos 44 minutos da etapa final, com uma assistência primorosa para o gol de Sosa, que selou a virada palmeirense. Andreas Pereira tentou assumir a responsabilidade criativa, circulando a bola e buscando espaços, sendo o jogador que mais tocou na esfera pelo Alviverde, embora com consideráveis dificuldades para romper a marcação adversária. Sua tentativa de gol olímpico aos 37 do segundo tempo quase surpreendeu o goleiro.

O Centro do Campo: Entre a Apatia e a Faísca Decisiva

Raphael Veiga, após uma atuação elogiável contra o Vasco, teve um desempenho discreto no Morumbis. Com pouca posse de bola e apenas uma finalização sem perigo no primeiro tempo, sua presença em campo foi ineficaz, culminando em sua substituição no intervalo. Felipe Anderson também enfrentou problemas, perdendo a marcação contra Enzo Díaz na ponta esquerda, lance que deu origem ao segundo gol do São Paulo. Sua confusão com Vitor Roque, que caiu na dividida, exemplifica a desorganização momentânea. Apesar de uma arrancada promissora aos 14 minutos da segunda etapa, sem apoio, foi interceptado pela marcação.

Contudo, a virada não seria possível sem a contribuição fundamental do setor ofensivo. Flaco López, que no início do jogo arriscou três finalizações defendidas por Rafael e não conseguiu dominar o passe arriscado de Murilo que resultou no gol adversário, mostrou por que tem sido uma peça-chave no segundo semestre. Aos 28 minutos, aproveitou uma assistência de Maurício e empatou para o Verdão, demonstrando sua capacidade de finalização. Vitor Roque , com sua insistência e ímpeto físico, foi outro nome crucial. Após três finalizações travadas e uma participação infeliz no segundo gol do São Paulo (ao cair em dividida com Enzo Díaz), ele finalmente encontrou as redes aos 24 minutos, marcando o primeiro gol do Palmeiras e iniciando a reação da equipe.

A Força do Banco e a Virada Ofensiva

A intervenção de Abel Ferreira foi, sem dúvida, o catalisador da reviravolta. O treinador, que optou por repetir a escalação vitoriosa contra o Vasco, percebeu as falhas e a pouca criação do time no primeiro tempo. Suas três trocas no intervalo, com o placar já adverso em 2 a 0, e mais duas substituições aos 19 minutos da segunda etapa, foram decisivas. As alterações surtiram o efeito desejado, melhorando visivelmente o desempenho da equipe e permitindo a busca pelo empate e, posteriormente, a virada. A capacidade de Abel de ler o jogo e ajustar a estratégia em tempo real foi fundamental para a conquista dos três pontos.

Desempenho Individual: Notas da Partida

A seguir, apresentamos uma tabela com as avaliações dos jogadores e do técnico, com base nas notas do GE e na percepção do público, refletindo o impacto de cada um no dramático Choque-Rei:

A vitória no clássico, apesar das dificuldades iniciais, ressalta a capacidade do Palmeiras de superar adversidades e a importância da profundidade do elenco e da inteligência tática do comando técnico. A equipe mostrou que, mesmo em dias de desempenho irregular, a busca incessante pelo resultado pode prevalecer.