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Abel Ferreira defende Estêvão e critica imprensa antes de jogo crucial no Mundial
Por Redação FutVerdão em 09/10/2025 06:01
A habitual serenidade de Abel Ferreira nas entrevistas que antecedem os confrontos do Mundial de Clubes parece ter dado lugar a uma postura mais incisiva. O comandante do Palmeiras adotou um tom notavelmente mais tenso e irônico ao abordar diversas questões na coletiva de imprensa, especialmente ao reagir às indagações sobre o suposto "nervosismo" de Estêvão, um tema que provocou sua clara irritação.
O ponto central da discórdia girou em torno das declarações de Estêvão sobre sua concentração. Abel fez questão de sublinhar a filosofia do Palmeiras em relação à gestão de seus atletas, sejam eles jovens promessas ou veteranos experientes. Ele citou o caso de Endrick como exemplo da atenção dedicada pelo clube aos seus jogadores. "Se fizéssemos um exercício de empatia, perceberíamos que o que acontece com ele é natural. E não podemos esquecer o tanto de coisas que ele já nos deu. Fico triste quando não valorizamos o que é nosso, e essa responsabilidade é de vocês, e não minha."
Abel Ferreira e a Sensibilidade dos Atletas: Um Confronto com a Mídia
Questionado se o nervosismo teria impactado o desempenho de Estêvão , Abel foi categórico na defesa do seu atleta. "Eu não sei o que vocês querem. É perfeitamente normal. Quem foi jogador e já foi transferido sabe. Sabe qual a diferença entre um ser humano e um animal? O que distingue os dois são os sentimentos e as emoções. É normal estarmos mais nervosos nestes tipos de jogos. Mas, às vezes, não podemos dizer a verdade. Ele é tão puro e ingênuo que falou o que sentia ? porque é normal ?, e uma boa parte de vocês o trucidou. É isso o que vocês fazem com os jogadores."
O treinador português não hesitou em estender suas críticas ao comportamento da imprensa em geral. Ele sugeriu uma reflexão sobre como a mídia trata jogadores e treinadores, citando exemplos de atletas de alto nível que já expressaram descontentamento. "Façam um resumo dos jogadores tops que jogaram no Brasil e exterior com eles falando o que a mídia faz com jogadores e treinadores. Ouça o Willian, que jogou no Corinthians. Mas entendo, isso vende... é o sangue, a crítica. Todos ganhamos dinheiro de uma forma. Só acho que esse não é o caminho certo. Na primeira vez que o jogador não desempenhou e disse o que estava sentindo, vem o outro lado. Ele tem que estar preparado e saber crescer. Era o Messi, agora é o Mané. Não é assim que funciona."
Da Exaltação à Crítica: A Gangorra do Desempenho e a Visão do Treinador
Abel Ferreira abordou a polarização excessiva na avaliação dos jogadores, oscilando "do 8 ao 80". Ele ressaltou que nenhum atleta mantém um desempenho impecável constantemente, lembrando que figuras como Messi e Cristiano Ronaldo já foram alvos de severas críticas. "Não há nenhum jogador no mundo que jogue sempre bem. Vi o Messi ser criticado no PSG. Vi o que os portugueses fizeram com o Cristiano Ronaldo há um ano. Mas a responsabilidade é de vocês, é o que vocês querem para alimentar. A qualidade está lá. A sensação é de que vocês são perfeitos no que fazem: ninguém erra. Os únicos imperfeitos são jogadores e treinadores, e erramos também. Com os sucessivos erros, chegamos às vitórias. São lições valiosas."
O técnico enfatizou a pressão desproporcional sobre os jovens talentos: "Eles precisam saber que, quando jogam bem, vocês vão dizer que é o Messi, e depois, em um desabafo normal para um jogador de 18 anos, fazem isso. É normal que o Estêvão , sozinho no quarto, tenha esses pensamentos na cabeça. Comigo e com os palmeirenses, ele tem as dívidas saldadas, queria que ele continuasse aqui. É aproveitar ele ao máximo o que conseguirmos."
O Sonho do Título e a Preparação para o Próximo Desafio no Mundial
Em meio às discussões sobre desempenho e mídia, Abel também falou sobre a ambição do Palmeiras no Mundial. Ele expressou satisfação quando as equipes sul-americanas são vistas como competitivas, contrastando com a percepção de facilidade. "É bom que as pessoas entendam que fico muito feliz quando vocês dizem que as equipes sul-americanas são competitivas e que é difícil jogar contra elas. Nós, em cinco anos, ganhamos dez títulos. Parece fácil. Não mudo uma vírgula no que disse: algumas equipes têm mais probabilidades de ganhar do que outras. É um sonho, sim, e uma grande parte dos meus sonhos se realizaram e sou muito grato. Sei o preço que eu e os que estão comigo precisaram pagar. A gente sabe que entregou todo nosso sangue, suor e esforço. Nossa determinação é reconhecida, e isso chega para nós. Sim, é um sonho. O nosso objetivo era estar nessa fase, e o mais importante é ter olhos bem abertos amanhã para enfrentar nosso adversário e estar na próxima fase."
Sobre a preparação para o confronto contra o Botafogo, Abel assegurou que o respeito e a intensidade são os mesmos para qualquer adversário. "Tenho o mesmo respeito por todos os adversários. Minha preparação não muda em função do adversário. É o que mais desafio meus jogadores. É um erro que a gente cometeria, e não admito isso. A preparação é a mesma, mas o conhecimento é diferente porque sabemos muito melhor a realidade deles. O Botafogo não quis saber do Carioca, o presidente deles disse que atrapalha o resto da temporada porque sabe que a competição desgasta muito. Nós também sabemos disto."
A Representatividade Brasileira e os Detalhes Táticos do Confronto
O técnico refletiu sobre a presença de equipes brasileiras na competição. "Amanhã, será um jogo diferente e com duas equipes brasileiras, com outras duas no mata-mata. Isso é bom porque vocês falam que só tem Palmeiras e Flamengo. Isso mostra o quão difícil é competir na América do Sul. Quando você dá tempo para as equipes e usa gramados tops, vê a intensidade. É só ver os carros de Fórmula 1 andar a 320 km/h. Se você ver a a 120 km/h, você troca de canal. Por um lado, é ruim porque um dos brasileiros vai ficar fora, mas por outro é bom porque o Brasil será representado na próxima fase. Vou fazer de tudo para que o Palmeiras esteja lá."
Questionado sobre a participação de Aníbal Moreno e as possíveis mudanças no Botafogo, Abel manteve a discrição sobre seu próprio time, mas analisou a estratégia adversária. "Ele está pronto para nos ajudar, é isso que posso dizer. As equipes se conhecem bem, o Renato mostrou muito bem o que faz contra equipes de nível superior. Não custa reconhecer quando uma equipe é melhor e reforçar o meio, e foi isso que ele fez. Quando ele não quer jogar com três de equilíbrio, joga com um 5, um 8 e um 10, é o que também tem feito. É jogo jogado. Vai ser a estratégia dele contra a nossa. São equipes que se conhecem, não faremos nada que nunca tenhamos feito."
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