Abel Ferreira e Palmeiras: Elenco Milionário, Renovação e Pressão por Títulos em 2026

A temporada de 2025 marcou um ponto de inflexão na trajetória de Abel Ferreira à frente do Palmeiras. Pela primeira vez desde sua chegada, o técnico português encerra um ano sem erguer uma taça, acumulando três vice-campeonatos de peso: o Paulista, o Brasileiro e a Conmebol Libertadores. Para o treinador que se consolidou como o maior campeão da história alviverde, dividindo o posto com Oswaldo Brandão e buscando a 11ª conquista para se isolar, a missão de reverter essa sequência e retomar o caminho das vitórias em 2026 se apresenta como um dos maiores desafios de sua carreira no Brasil.

Apesar do desfecho frustrante em termos de títulos, a permanência de Abel Ferreira no comando técnico já está sacramentada. O treinador, que tinha vínculo até dezembro deste ano, confirmou publicamente sua renovação há pouco mais de uma semana, às vésperas da decisão da Libertadores, após sinalizar o acerto à presidente Leila Pereira. Contudo, essa confirmação veio depois de um período de incertezas, onde o próprio Abel admitiu que as manifestações negativas da torcida, especialmente após a eliminação na Copa do Brasil, o fizeram ponderar sobre seu futuro no clube.

O ano de 2025, de fato, trouxe uma intensidade de cobranças da torcida sem precedentes desde a chegada do português. Este cenário contrasta fortemente com os três anos anteriores, nos quais o Palmeiras conquistou duas Libertadores e dois Campeonatos Brasileiros. A frustração recente é um reflexo direto das eliminações no Campeonato Paulista e na Copa do Brasil, ambas para o arquirrival Corinthians, somadas ao vice-campeonato brasileiro de 2024. A última celebração de um título estadual data do ano anterior, e as chances de manter a marca de ao menos uma taça por temporada se esvaíram com os segundos lugares no Brasileiro e na Libertadores de 2025.

O Inédito Ano Sem Taças e a Pressão Pós-Renovação

Apesar do panorama desafiador, Abel Ferreira rechaça veementemente a ideia de um "fim de ciclo" para sua gestão. O treinador faz questão de sublinhar a constância do Palmeiras entre os principais postulantes a títulos, um fator que, para ele, justifica a continuidade de seu trabalho. Sua perspectiva é a de que a equipe mantém um nível de competitividade altíssimo, alcançando decisões e posições de destaque de forma consistente.

? Não posso entender como final de ciclo quando você chega a uma final de Libertadores, em seis ir a três para a final, uma para semifinal e outra nas quartas. Não é final de ciclo quando nos últimos cinco ou seis campeonatos (brasileiros) ganhou dois e ficou vice nos outros. Não é final de ciclo quando ganha três Paulistas de quatro ou cinco ? disse o técnico à Globo pouco antes de se confirmar o vice-campeonato.

Em uma análise crítica sobre a derrota na final da Libertadores, Abel Ferreira também levantou um questionamento pertinente sobre a disparidade de investimentos. Ele pondera se a temporada do Palmeiras foi realmente "tão ruim" ou se o diferencial esteve na capacidade de seu principal adversário em reforçar seu plantel de maneira inédita. Essa observação aponta para uma reflexão mais ampla sobre o cenário competitivo do futebol brasileiro.

? É muito duro perder, ninguém gosta, mas temos de aceitar quando o adversário é melhor. E deixo para pensar: o Palmeiras fez uma temporada tão ruim ou nosso maior rival investiu e contratou como nunca? E no final acabou sendo melhor que o Palmeiras dentro e fora das quatro linhas ? questionou, em referência ao Flamengo e a derrota na final da Libertadores.

Foto: (Rodrigo Valle/Getty Images)

A Ambição do "Elenco dos Sonhos" e os R$ 700 Milhões Investidos

Um dos pilares na avaliação do treinador para o futuro do Palmeiras é a profunda reformulação do elenco ocorrida em 2025. Essa reestruturação, que envolveu um aporte financeiro significativo, é vista como um ponto crucial para a nova fase do clube e para as expectativas de Abel.

A movimentação no mercado de transferências foi intensa, com o Palmeiras investindo consideravelmente para remodelar a equipe:

Apesar do investimento e das novas aquisições, o processo de adaptação do "novo" Palmeiras foi dificultado por perdas importantes. Dois dos reforços considerados cruciais, Paulinho e Lucas Evangelista, sofreram lesões graves e passaram metade do ano em recuperação, com previsão de retorno apenas para 2026. Essas ausências impactaram diretamente a busca pela coesão e o desempenho esperado da equipe.

Reformulação: Desafio, Motivação e o DNA de Abel

As modificações no plantel representaram um duplo desafio: manter a equipe competitiva nas disputas por títulos enquanto se procurava uma nova identidade em campo. Contudo, essa mesma reformulação é um dos fatores que pesam na decisão de Abel em permanecer e que intensificam a pressão por resultados imediatos na próxima temporada.

? Quando cheguei construímos algo juntos, tivemos que reformular, continuamos a ganhar. E quando tivermos todos disponíveis, com lesionados e tudo, é o plantel que sempre quis ter. Tem meu DNA, minha marca, vou querer continuar aqui, sim.