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Fernando Mariano: Bastidores da Libertadores 2000 e Aposta no Palmeiras de Abel
Por Redação FutVerdão em 27/11/2025 04:11
Fernando Mariano, um nome que ecoa nos corredores da memória alviverde, transformou-se em um fervoroso apoiador do Palmeiras após duas temporadas dedicadas ao clube. Aos 58 anos, e atualmente exercendo a função de treinador de futebol na cidade de Uberlândia, ele aguarda com grande expectativa o embate decisivo do time paulista contra o Flamengo na final da Copa Libertadores. Este cenário, aliás, não é novidade para o ex-meio-campista, que vivenciou uma situação semelhante há um quarto de século.
De seu posto no banco de reservas, Fernando presenciou a dolorosa derrota do Palmeiras para o Boca Juniors na decisão da Libertadores de 2000, definida nos pênaltis. As lembranças daquela noite épica no Morumbi permanecem vívidas em sua mente, abrangendo desde a atmosfera eletrizante do estádio até o silêncio introspectivo de Felipão após o revés e uma observação bem-humorada de Marcos que conseguiu dissipar a tensão entre os atletas no ônibus que os conduzia de volta. São narrativas de um vice-campeonato que, na sua visão, não se repetirá na próxima jornada em Lima.
A Perspectiva de um Ex-Atleta: A Força Mental do Palmeiras de Abel
A convicção de Fernando Mariano sobre o atual elenco palmeirense é inabalável. Ele enxerga uma equipe com experiência consolidada, habituada às grandes decisões e à conquista de títulos. O Palmeiras , segundo ele, demonstra uma resiliência notável, superando adversidades e quebrando padrões negativos, sempre se reerguendo com vigor. Neste contexto, o trabalho desenvolvido por Abel Ferreira, especialmente no aspecto psicológico e mental dos jogadores, é apontado como um diferencial espetacular.
Eu vejo o Palmeiras hoje como um time pronto para ser campeão e voltar a ser o melhor time da América.
Apesar de seu forte vínculo e torcida pelo Alviverde, Fernando reconhece a magnitude do desafio. O Flamengo é um adversário de alto calibre, um confronto entre dois clubes que já ergueram o troféu continental por três vezes. Ele sublinha que ambos os times contam com atletas decisivos, que já deixaram sua marca na história e ambicionam novas conquistas. No lado flamenguista, o treinador também é um multicampeão, e figuras como Filipe Luís, embora mais jovens, ostentam números impressionantes. A expectativa é de um embate complicado, protagonizado por duas equipes com um histórico de vitórias.
Mas eu acredito que o Palmeiras consiga fazer um ótimo jogo. E se for para os pênaltis igual em 2000, vou ficar mais nervoso ainda. Prefiro que não vá, melhor resolver no tempo normal e pronto.
A Final de 2000: Memórias de um Confronto Épico Contra o Boca
Em junho de 2000, após um empate em 2 a 2 na Bombonera no jogo de ida, Palmeiras e Boca Juniors protagonizaram o confronto decisivo pelo troféu da Libertadores em São Paulo. O time brasileiro, então detentor do título, enfrentava a equipe de Riquelme em busca do bicampeonato. Fernando Mariano, em seu relato, evoca as lembranças daquele dia, destacando a dedicação de todos os atletas palmeirenses em campo, incluindo os que estavam na reserva.
Ele descreve a intensidade do momento pré-jogo:
A gente estava aquecendo atrás do gol do Boca Juniors, e havia muito barulho no Morumbi. Quando tinha que dar uma substituição, eu lembro que o preparador físico, o Carlos Pacheco, levantava o braço, e todos nós que estávamos aquecendo corríamos para saber quem ia entrar, por conta da alegria e da oportunidade de poder participar de um jogo daquele.
A entrega e o desejo de contribuir eram palpáveis:
Todos nós estávamos entregues ali naquele momento para ajudar o Palmeiras a ter a possibilidade de ser bicampeão da Libertadores.
O Pós-Jogo de 2000: A Tensão no Vestiário e a Genialidade de Marcos
O jogo terminou com um empate sem gols, levando a decisão para a disputa de pênaltis. Nas cobranças, Roque Júnior e Asprilla não converteram seus chutes, e o Boca Juniors venceu por 4 a 2, conquistando seu terceiro título da Libertadores. O desfecho mergulhou atletas e membros da comissão técnica do Palmeiras em um silêncio absoluto no vestiário, conforme recorda Fernando .
Foi muito triste porque nós estávamos muito confiantes no resultado, na vitória. Até porque foi o segundo jogo e a decisão em casa, e nós tínhamos vindo de um empate na Bombonera. Foi uma decepção grande no vestiário, tristeza total, silêncio total.
Mesmo o comandante da equipe sentiu o peso da derrota:
Até o Felipão ficou em silêncio. Acho que foi até um pouco de frustração também na parte dele como treinador. Eu lembro que depois já na nossa reapresentação, ele se pronunciou, mas no vestiário ele não se pronunciou.
Fernando narra que o clima pesado e a melancolia somente foram quebrados por uma intervenção do goleiro Marcos, já no ônibus que conduzia a delegação de volta à Barra Funda. O trajeto foi marcado por um silêncio quase total, até que Marcos, de forma inesperada, proferiu:
Hoje não tinha como nós ganharmos do Boca Juniors.
A declaração inicial gerou murmúrios e questionamentos entre os companheiros. Alguns segundos depois, o goleiro completou:
Não tinha como nós ganharmos, porque quando eu fui assinar a súmula, vi do nosso lado José Renildo Pena, aí eu olhei do outro lado, Juan Román Riquelme. Nós perdemos já nos nomes.
A anedota de Marcos provocou uma explosão de gargalhadas no veículo, aliviando a atmosfera densa:
Soltou-se uma gargalhada no ônibus. O Marcão é espetacular. Ele quebrou todo um protocolo depois que ele soltou essa daí, que o nossos sobrenomes eram Silva, Pereira, e o nome dos argentinos, Schielotto, Riquelme, muito mais imponentes.
A Carreira de Fernando Mariano: Da Bola de Prata à Área Técnica
Fernando Mariano, cuja formação teve início nas categorias de base do Uberlândia Esporte Clube, construiu uma trajetória que o levou por diversos clubes antes de chegar ao Palmeiras . Após passagens por Mogi Mirim, Portuguesa e Guarani, integrou o Internacional em 1996. Pelo Colorado, conquistou o Campeonato Gaúcho de 1997, seu primeiro título profissional, e foi agraciado com a Bola de Prata como um dos melhores meio-campistas do Campeonato Brasileiro daquele ano.
Após duas temporadas no Avispa Fukuoka, do Japão, Fernando retornou ao Brasil para defender o Palmeiras no ano 2000. Chegando ao Alviverde, encontrou um elenco campeão da Libertadores no ano anterior, repleto de talentos, e precisou lutar arduamente por um lugar na equipe.
O Palmeiras , principalmente na parte do meio-campo, que é onde eu atuava, tinha atletas de um nível altíssimo. César Sampaio, Rogério, que às vezes jogava no meio-campo também, Galeano. O embate era muito difícil, sem contar que foram atletas que já vieram da temporada de 1999, em que foram campeões.
Sua postura era de total dedicação, independentemente do tempo em campo:
Eu tinha que esperar a chance. Se tivesse que jogar 20 minutos, a gente jogava como se fosse a vida da gente para também cavar um espaço na equipe.
Naquele ano, o Palmeiras iniciou a temporada com a conquista do Torneio Rio-São Paulo, culminando em uma goleada de 4 a 0 sobre o Vasco na final. Embalado, o time superou Peñarol e Atlas-MEX nas oitavas e quartas de final da Libertadores. Na semifinal, prevaleceu sobre o Corinthians na disputa de pênaltis, credenciando-se para defender o título continental contra o Boca Juniors, mas acabou com o vice-campeonato. A equipe ainda encerrou o ano com o troféu da Copa dos Campeões. Em 2001, Fernando permaneceu no Palmeiras e participou da campanha da Libertadores, novamente encerrada na semifinal, e novamente contra o Boca Juniors.
Sua jornada após deixar o clube alviverde em 2002 incluiu passagens por Juventude, Botafogo e Marília, até encerrar sua carreira como jogador no Santo André, em 2009. Atualmente, Fernando Mariano atua como treinador do Essube, equipe que disputou a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro neste ano, aplicando agora sua experiência à formação de novos talentos.
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