Gramado do Allianz Parque: Palmeiras Inicia Troca em Meio à Polêmica Nacional

A discussão em torno das superfícies de jogo artificiais no futebol brasileiro tem ganhado contornos mais acalorados nas últimas semanas. Enquanto debates fervorosos permeiam os conselhos técnicos e a opinião pública, o Palmeiras, em um movimento estratégico, anuncia a renovação de seu próprio gramado sintético no Allianz Parque. Esta iniciativa, que implicará no afastamento do Verdão de seu lar por um período significativo, ocorre em um cenário de intensa polarização sobre a viabilidade e os impactos dessa tecnologia nos gramados do país.

A parceria entre o clube alviverde e a WTorre, concessionária do estádio, juntamente com a expertise da Soccer Grass ? empresa que zela pela manutenção do campo desde 2020 ?, delineia um plano de modernização que se estenderá por sete fases. A expectativa é que o palco palmeirense esteja apto a receber partidas novamente na última semana de fevereiro de 2026, o que significa que, entre dezembro de 2025 e fevereiro de 2026, o time não poderá contar com o seu mando de campo tradicional. Este período de aproximadamente três meses exigirá uma readequação logística para o calendário de jogos da equipe.

Allianz Parque: A Reforma Estratégica do Gramado Sintético

O cronograma da reforma prevê uma série de etapas meticulosas. A intervenção será dividida em duas fases principais: uma em 2025 e outra em 2026, com uma pausa entre elas devido a outros eventos agendados no estádio. Abaixo, detalhamos as etapas:

É fundamental ressaltar que o gramado do Allianz Parque, desde sua implementação, sempre contou com a chancela da FIFA, a mais alta autoridade do futebol mundial. Segundo comunicado oficial, a presente atualização visa reafirmar o compromisso conjunto de Palmeiras e WTorre em oferecer um campo em plenas condições para duelos de alto nível, com a prioridade inegociável na saúde e integridade física dos atletas. A busca por excelência e segurança é a tônica que move essa intervenção.

O Veredito da CBF e a Defesa dos Gramados Artificiais

A controvérsia em torno dos gramados sintéticos ganhou fôlego considerável nas últimas semanas. Recentemente, no dia 11 de janeiro, durante o Conselho Técnico da Série A do Campeonato Brasileiro de 2026, clubes como Fluminense e Flamengo exerceram forte pressão sobre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), pleiteando o banimento dessa tecnologia na competição. Contudo, a entidade máxima do futebol nacional optou por manter a normativa vigente, permitindo o uso. Para o próximo ano, cinco agremiações da elite do futebol brasileiro terão campos sintéticos em seus estádios: Palmeiras , Atlético-MG, Botafogo, Athletico-PR e Chapecoense. Uma realidade que sublinha a divergência de opiniões no cenário esportivo.

Diante da efervescência do debate, essas cinco agremiações emitiram uma nota conjunta no mesmo dia, quinta-feira, 11 de janeiro, em defesa veemente do equipamento. O teor da declaração coletiva é um contraponto direto às críticas e merece ser lido na íntegra para se compreender a perspectiva dos defensores:

?Diante das recentes declarações públicas sobre a utilização de gramados sintéticos no futebol brasileiro, Athletico Paranaense, Atlético, Botafogo, Chapecoense e Palmeiras reafirmam sua posição em defesa dessa tecnologia, adotada de forma responsável, regulamentada e alinhada às melhores práticas internacionais.
Em primeiro lugar, é imprescindível reconhecer que não existe padronização de gramados no Brasil. Ignorar esse fato e direcionar críticas exclusivamente aos gramados sintéticos reduz um debate complexo a uma narrativa simplificada, injusta e tecnicamente equivocada.
Também reiteramos que um gramado sintético de alta performance supera, em diversos aspectos, os campos naturais em más condições presentes em parte significativa dos estádios do país.
É igualmente importante esclarecer que não há qualquer estudo científico conclusivo que comprove aumento de lesões provocado pelos gramados sintéticos modernos.
O tema da qualidade dos gramados é legítimo, saudável e necessário. Porém, deve ser conduzido com responsabilidade, dados objetivos e conhecimento técnico, e não com narrativas que distorcem a realidade, desinformam o público e desconsideram a complexidade do assunto?.

A decisão do Palmeiras de investir na renovação de seu gramado sintético, em meio a um cenário de questionamentos e defesas apaixonadas, reitera a convicção do clube na tecnologia. Enquanto a bola não rola no Allianz Parque por alguns meses, o futuro dos campos artificiais no Brasil permanece como um dos temas mais quentes e divisivos do esporte nacional, com cada lado apresentando seus argumentos e dados.