Martinelli e a Virada Pós-Palmeiras: Como o Volante se Tornou Pilar do Fluminense

A trajetória de Martinelli no Fluminense neste ano representa uma notável guinada. O meio-campista, que enfrentou momentos de profunda instabilidade na primeira parte da temporada, ascendeu à condição de elemento central nas fases derradeiras do Campeonato Brasileiro. Um ponto de inflexão, curiosamente, guarda uma conexão direta e simbólica com o embate anterior contra o Palmeiras. No primeiro turno, o atleta, vestindo a camisa 8, protagonizou um equívoco capital na saída de bola, culminando na derrota da equipe carioca no Maracanã. Aquela falha, em particular, abalou profundamente o jogador, que já convivia com o peso de críticas da torcida desde o início de 2024.

Naquele período, a situação era tão delicada que o meia chegou a ponderar a possibilidade de deixar o clube das Laranjeiras, uma vez que recebia sondagens de equipes do futebol italiano. Contudo, prevaleceu sua decisão de permanecer e de lutar incansavelmente por sua posição e reconhecimento. Uma escolha que, em retrospecto, revelou-se acertada e estratégica.

O jogador, demonstrando um comprometimento exemplar, investiu significativamente em seu aprimoramento individual. Montou uma equipe de apoio particular, composta por profissionais como nutricionista e analista de desempenho. Este esforço resultou em uma notável transformação física: houve uma redução considerável de gordura corporal, um ganho perceptível de massa muscular e uma melhoria substancial em sua resistência em campo, capacitando-o a atuar com maior intensidade e por mais tempo.

A Reviravolta Pós-Palmeiras: O Erro Como Estímulo

A chegada do técnico Luis Zubeldía também desempenhou um papel crucial nesta evolução do volante. O comandante argentino, com sua visão tática apurada, soube identificar e potencializar as qualidades de Martinelli como um organizador fundamental do jogo no meio-campo tricolor.

"O que fizemos quando chegamos foi usar muito a presença de Martinelli no meio-campo"

, declarou Zubeldía em entrevista recente ao portal "ge". O treinador concedeu ao volante a responsabilidade de ser o iniciador das jogadas, permitindo-lhe alternar posições com os laterais e explorando com maestria sua reconhecida qualidade no passe. Essa nova liberdade tática e a confiança depositada foram catalisadores para seu desempenho.

Atualmente, Martinelli colhe os frutos dessa redefinição de papel e de sua dedicação. O "Moleque de Xerém", que fez sua estreia profissional em 2020, já ostenta conquistas de peso em seu currículo, como a cobiçada Copa Libertadores de 2023 e a Recopa Sul-Americana.

O Pilar Tático de Zubeldía e os Títulos Conquistados

Além dos troféus, o atleta detém marcas expressivas que solidificam seu lugar na história recente do Fluminense. Ele é, atualmente, o jogador formado nas categorias de base com o maior número de aparições pelo time profissional, somando impressionantes 289 jogos. Se entrar em campo contra o São Paulo, no confronto agendado para a próxima quinta-feira (27/11), Martinelli alcançará a marca de Paulo Henrique Ganso, igualando-o como o quinto atleta que mais vezes defendeu a camisa tricolor neste século, um feito que sublinha sua longevidade e importância para o clube.

Martinelli: Números e Legado em Construção no Fluminense