Palmeiras Desaba: Derrota no Dérbi da Copa do Brasil Questiona Era Abel Ferreira

Em uma noite de Copa do Brasil marcada por reviravoltas e emoções intensas, um instante se destacou como o mais simbólico: Abel Ferreira, com os braços erguidos, aplaudindo enquanto uma parcela da torcida palmeirense o vaiava no Allianz Parque. Essa imagem encapsulou o que se tornou um "Dérbi dos sonhos" para o Corinthians. A vitória por 2 a 0 e a consequente vaga nas quartas de final foram apenas parte da conquista; o verdadeiro triunfo foi testemunhar o adversário, antes tido como inabalável, demonstrar sinais de desmoronamento.

A trajetória de Abel no comando do Palmeiras habituou a todos a jamais subestimar a capacidade de superação deste elenco. No fervor de um clássico dessa magnitude, cada resultado pode parecer definitivo, como se duas derrotas consecutivas para o arquirrival sinalizassem o fim de um ciclo glorioso. Embora não seja prudente tirar conclusões precipitadas, é imperativo compreender a dimensão do que foi presenciado nesta quarta-feira: desde a chegada do técnico português, o Palmeiras jamais deixou o campo tão vulnerável e abalado.

A insatisfação dos torcedores, notadamente de organizadas, manifestou-se em questionamentos diretos e ofensas nominais aos atletas. Contudo, ao direcionarem os xingamentos a Abel, ultrapassaram um limite significativo: atacaram o pilar de uma das fases mais vitoriosas da história alviverde ? o treinador com o maior número de jogos e títulos pelo clube.

O Inesperado Abatimento Alviverde

O que se viu não foi meramente uma eliminação para o Corinthians. Foi o Palmeiras , detentor de múltiplos títulos, com sua gestão consolidada, finanças robustas, elenco invejável e estrutura de ponta, sucumbindo diante de um rival que, paradoxalmente, convive com turbulências políticas constantes e apaga focos de instabilidade semanalmente. É compreensível que o torcedor palmeirense, ao ponderar esse contraste, questione como é possível, pela segunda vez no ano (a primeira na final do Campeonato Paulista), ceder a um oponente que, em tese, deveria ser superado com maior facilidade.

Tal cenário naturalmente se converte em pressão. O Palmeiras , que outrora exibia uma notável frieza sob pressão, transformou-se em um amontoado de nervos no Dérbi desta quarta-feira ? um clássico precedido por manifestações de torcedores ao longo da semana. A expulsão precoce de Aníbal Moreno, aos 14 minutos de jogo, após uma cabeçada em José Martínez, pareceu antecipar o descontrole que percorreria a equipe durante a partida ? dois auxiliares de Abel e o volante Emiliano Martínez também receberiam o cartão vermelho. Sob pressão, visivelmente nervoso e com um jogador a menos, os esforços do Palmeiras para esboçar uma boa atuação no primeiro tempo foram em vão; o desfecho da derrota já estava traçado.

O Renascimento Alvinegro no Clássico

Para o Corinthians, o resultado valeu, de certa forma, a temporada. A união do título paulista com a classificação na Copa do Brasil não apenas resgata o orgulho da torcida, mas também projeta 2025 como um ano substancialmente mais positivo do que as expectativas iniciais sugeriam. E, com a ausência do Flamengo, eliminado pelo Atlético-MG, a possibilidade de um título na Copa do Brasil se mostra ainda mais palpável no horizonte alvinegro.

Dorival Júnior emerge dos clássicos com um prestígio ampliado. Antes alvo de questionamentos, o técnico encontrou as respostas necessárias nos momentos mais cruciais. Agora, ele ganha o fôlego e a confiança para aprimorar o desempenho do time e, quem sabe, oferecer à Fiel algo além destas memoráveis vitórias em Dérbis.