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Vice-Prefeito Acusado de Racismo Contra Segurança do Palmeiras Torna-se Réu

Por Redação FutVerdão em 21/08/2025 16:51

Um desdobramento significativo marca o cenário jurídico de São José do Rio Preto: o vice-prefeito Fábio Marcondes (PL) foi formalmente constituído réu em um processo movido pelo Ministério Público. A acusação é de injúria racial, decorrente de um incidente em que ele teria proferido ofensas contra um segurança do Palmeiras, chamando-o de "macaco". A decisão, proferida pela juíza Patrícia da Conceição Santos, da comarca de Mirassol, representa um avanço crucial no caso, que também envolve a solicitação do MP para que o político perca seu mandato, além de seu cargo como secretário de Obras na cidade.

O episódio que deflagrou a denúncia ocorreu em fevereiro, após uma partida entre Mirassol e Palmeiras pelo Campeonato Paulista. As investigações da Polícia Civil resultaram no indiciamento de Marcondes por injúria racial ainda no fim de julho. A defesa do político tentou, sem sucesso, anular um relatório técnico pericial do áudio da suposta ofensa, um indicativo da complexidade probatória que permeia o caso.

O Caminho Legal e as Acusações

A aceitação da denúncia pela magistrada fundamentou-se na consideração de que o inquérito policial "em tese caracteriza o delito tipificado", abrindo prazo de dez dias para que o réu apresente sua defesa. O promotor José Sílvio Codogno, responsável pela denúncia, afirma que o áudio em questão revela o vice-prefeito proferindo ?lixo? e a palavra ?macaco?, com a corroboração de testemunhas que confirmam as ofensas de cunho racial.

Este avanço processual coloca o vice-prefeito em uma posição delicada, exigindo uma robusta estratégia de defesa para contestar as evidências e depoimentos que pesam contra ele. A repercussão do caso transcende o âmbito jurídico, impactando a imagem pública e política do acusado.

Laudos Conflitantes: O Centro da Controvérsia

A apuração do caso foi marcada por uma notável divergência entre os laudos periciais. Inicialmente, um exame realizado pelo Instituto de Criminalística de São Paulo (ICSP) concluiu que a expressão utilizada por Marcondes seria ?paca?, além de ?véa? ou ?véio? em duas ocasiões. No entanto, a Polícia Civil de Rio Preto, em maio, solicitou um novo exame complementar, apontando que, foneticamente, as palavras com conotação racista seriam audíveis.

Apesar da requisição policial, o segundo laudo do ICSP, conduzido pela mesma perita, manteve a conclusão de que Marcondes não proferiu termos racistas, reiterando o resultado inicial. Curiosamente, a divulgação deste segundo resultado coincidiu com a transferência do delegado Antônio Nascimento, responsável pela condução da investigação e solicitação da contraprova, para Fernandópolis, oficialmente por ?questões administrativas?.

Em contraste direto com os laudos oficiais, o Palmeiras , por sua vez, encomendou uma perícia particular. Este documento revelou que o vice-prefeito, de fato, pronunciou a palavra ?macaco? em direção ao segurança. A análise do instituto contratado pelo clube ainda atestou que o vídeo não sofreu qualquer edição que pudesse alterar a fala de Fábio Marcondes, adicionando uma camada de complexidade e contradição às provas técnicas.

Origem do Laudo Conclusão Detalhes Relevantes
Instituto de Criminalística de São Paulo (1º laudo) Identificou ?paca?, ?véa? ou ?véio? Primeira análise do áudio.
Instituto de Criminalística de São Paulo (2º laudo - complementar) Manteve a conclusão do 1º laudo (?paca?) Solicitado pela Polícia Civil de Rio Preto; conduzido pela mesma perita.
Perícia Particular (Palmeiras) Identificou ?macaco? Comprovou ausência de edição no vídeo.

As Vozes Envolvidas: Réu e Vítima

Após a denúncia do Ministério Público, Fábio Marcondes emitiu uma declaração, expressando sua visão sobre o processo:

Estamos vivendo tempos estranhos... já dizia o ministro Marco Aurélio. E não há exemplo mais eloquente do que esta denúncia: ignora o laudo oficial, invoca testemunhas sem dizer o que viram, acolhe como prova relatório de inteligência artificial e ainda ousa arrolar testemunha do juízo. Realmente, estranhos tempos.

Por outro lado, o segurança do Palmeiras , vítima da suposta injúria, manifestou-se sobre a decisão da Justiça, considerando-a um passo fundamental:

Com o acertado recebimento da denúncia, uma nova fase se inicia. Agora, o autor da ofensa é considerado réu e, para tentar evitar uma futura condenação criminal, com todas as suas consequências, terá de se defender no curso do processo.

O caso segue em tramitação, e os próximos capítulos prometem ser decisivos para a elucidação dos fatos e a aplicação da justiça diante de uma acusação tão grave.

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